quarta-feira, 9 de março de 2011

Sobre mulheres e a voz do público



A décima segunda eliminação do Big Brother Brasil consumou algo que eu já vinha cogitando desde a décima edição: a massa não está preparada para uma pessoa que utiliza de artifícios, armações e lábia para continuar no programa. Ontem mesmo questionei no meu twitter o que o público esperava de um vencedor desta edição do reality. Questionei, pois, ao meu ver, todos esperam um estereótipo típico de novela das seis: uma moça bonitinha, puritana que soe o mais suave possível à quem assiste, e um macho que seja tão belo quanto, mas que demonstre não ter o mínimo de malícia e que compre briga na hora “certa”. O macho, claro, sempre sai vencendo, pois a mocinha terá chances numa futura Playboy.

Ontem também foi o Dia Internacional das Mulheres, e o que vejo? A não aceitação das próprias para com aquelas que demonstram ter o mínimo de personalidade, para com aquelas que não são submissas aos homens machistas e viris desta edição do programa. Viris, sim. Aliás, muito viris. Esta é a única explicação coesa aos meus ouvidos para entender que pessoas fortes de mente como Natália e Talula tenham sido eliminadas do programa.  Elas tinham garra – basta ver as provas de resistência - e muita personalidade. Quem diz o contrário sobre qualquer uma das duas, não deve ter assistido ao mesmo programa que eu – ou, quiçá, esteja permitindo-se cegar pela nobreza nas palavras de afeto proferidas por Mauricio, ou a beleza incansável de Rodrigão.

A verdade é que as mulheres que se deixam agir com a inteligência e a racionalidade, rodam no programa. Mas o problema maior não mora neste âmbito, e sim quando estas mesmas mulheres demonstram suas fraquezas, seus temores, mas ao mesmo tempo, suas ambições e são crucificadas justamente por isso. Soa incoerente ser humano?

Quem não se lembra da amável e culta Elenita do BBB10? Lena tinha tudo para dar certo no programa, mas a única coisa que a atrapalhava era a personalidade forte. Ela era sua maior inimiga. Lena era sensível; errava sim, mas cobrava muito de si mesma. Com Natália, nesta edição, aconteceu o mesmo. Às vezes parecia que Natália se auto-flagelava e sofria por ser quem era; por agir da forma que agia, entretanto, ela também se aceitava. Afinal, como domar o indomável?

Ainda falando sobre a edição passada, Marcelo Dourado errou por inúmeras vezes, desculpou-se por isso quantas foram necessárias, puniu-se de acordo com a necessidade. Dourado tinha um temperamento difícil; mesmo assim recebeu uma nova chance, a chance para dar suas cartadas e vencer. Em resposta a quem diz que Natália não era exatamente simpática; digo-vos que ele também não o era, contudo, chegou ao prêmio. Então,  isso me leva a crer que, aos olhos do telespectador, as mulheres não podem ser duronas, expressarem seus pensamentos com coerência, serem convictas de algo... Será que este é o mesmo reflexo da herança que será deixada às próximas gerações? Não entendo, mas juro que tento entender.

Um comentário:

  1. Adooro suas postagens..continue assim!!Seguindo desde já..
    faz o mesmo no meu..bj XD

    http://maryecia.blogspot.com

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